Os prédios da Embaixada e da Residência Oficial.
Originalmente, o projeto da Embaixada da França em Brasília foi confiado a Le Corbusier, levando-se em conta as estreitas relações que ele mantinha com os dois criadores de Brasília: o urbanista Lúcio Costa e o arquiteto Oscar Niemeyer. Entretanto, a morte de Le Corbusier em 1965 e o longo período entre o desenvolvimento do projeto e a decisão efetiva de se construir a Embaixada (1970), além do surgimento de necessidades suplementares em matéria de área construída, tornaram necessária uma reavaliação de conjunto.
Um novo projeto foi então elaborado. O de Le Corbusier previa uma área construída de 5.000 m2, enquanto que o novo projeto cobria o dobro dessa superfície.
O projeto e a construção
A Embaixada permaneceu instalada no Rio de Janeiro até 1976. O acompanhamento da transferência das Embaixadas do Rio para Brasília foi confiado ao então Conselheiro (do Itamaraty) Wladimir Murtinho, a quem se deve a distribuição dos terrenos, com isenção de impostos sobre todo o material de construção.
Os esboços preliminares e o anteprojeto são obra de Guillermo Jullian de la Fuente, arquiteto de origem chilena, ex-colaborador do ateliê de Le Corbusier. A chancelaria apresenta um desenho em forma de cruz. A Embaixada e a Residência foram construídas entre janeiro de 1972 e dezembro de 1974.
Um ano após o início das obras, decidiu-se fazer uma ampliação que corresponde hoje às instalações do Serviço de Imprensa, do Serviço de Cooperação e Ação Cultural, do Espaço Le Corbusier e dos alojamentos funcionais. As obras foram acompanhadas pelo arquiteto francês Louis Bach. A construção foi realizada pela construtora Dumez Brésil.
As instalações foram inauguradas em 29 de janeiro de 1976 por Jean Sauvagnargues, Ministro francês das Relações Exteriores.
O código de construção da cidade exigia que os edifícios desse setor fossem construídos em no máximo dois níveis, mantendo livre a vista para o lago.
A concepção geral do complexo diplomático foi baseada tanto na proximidade quanto na separação de três grupos de construção:
- A Residência do Embaixador: 1.500 m2
- Os escritórios: 7.500 m2
- Os alojamentos funcionais para uma parte do pessoal: 1.000 m2
Os edifícios distribuem-se por um espaço verde comum coberto por um gramado, árvores e plantas decorativas. Eles contêm apenas um piso térreo e um andar superior evitando-se assim a "monumentalidade" e dando à arquitetura um caráter aberto, convivial e harmonioso.
Princípios de composição
O princípio básico do projeto consiste na organização de edifícios de trabalho em torno de pátios. Assim, cada escritório possui aberturas para duas fachadas: um corredor externo e um corredor interno. Esse tipo de arquitetura permite uma excelente condição de iluminação e uma ventilação natural que torna desnecessária a instalação de sistemas de ar condicionado.
Ao contrário da maioria dos edifícios da cidade, concebidos como gaiolas de vidro isoladas do exterior, a proposta para essa Embaixada era permitir boas condições de vida e de trabalho integrando a construção à vegetação e ao clima de Brasília (sol ou chuva).
Duas piscinas, uma para a Residência, outra para os escritórios e os alojamentos, também fazem parte da composição geral da construção.
O material empregado é de origem local: madeira, concreto armado e cascalho, permitindo a obtenção de um preço médio bastante razoável para o conjunto da obra. De fato, o preço médio por metro quadrado construído ficou 50% abaixo do custo médio de construção das outras Embaixadas.
O Espaço Cultural Le Corbusier
Uma sala de cinema e vídeo (120 lugares), que também pode acolher uma apresentação teatral de pequeno porte ou um recital (piano).
Uma sala de exposições.
A Residência do Embaixador da França no Brasil - Brasília
Como os outros edifícios da Embaixada, os esboços preliminares e o anteprojeto da Residência são obra de Guillermo Jullian de la Fuente, discípulo de Le Corbusier, e apresenta o desenho de uma cruz. A Residência foi construída entre janeiro de 1972 e dezembro de 1974 e inaugurada em 1976, pelo Ministro francês das Relações Exteriores.
Cercada de imensos espaços verdes cobertos de palmeiras e uma grande variedade de árvores, a Residência da França possui apenas um andar. O prédio de amplas vidraças permite uma excelente abertura para o exterior e os jardins.
A impressão de força causada pela utilização maciça e sistemática do concreto bruto é temperada pelas amplas áreas envidraçadas, a suavidade das esquadrias em madeira tropical e pelos revestimentos em mármore das salas de recepção.
A intenção de evitar o fechamento para o exterior, aliado a um jogo de portas corrediças permite a modulação das áreas da Residência de acordo com as necessidades.
O piso térreo é aberto para as diferentes áreas de recepção e compreende principalmente uma imensa sala de jantar e um grande salão, enquanto que o primeiro andar é reservado aos apartamentos privados e à biblioteca.
Os tetos-terraços são cobertos por um jardim a fim de se obter, através de uma camada de terra, um isolamento térmico satisfatório.
Recepção
Perspectiva da sala de estar
Vista da piscina
Sala de jantar com tapeçaria de Agam
Fachada do jardim
Espaço de circulação interna
- Mais fotos da Residência do Embaixador no Flickr: https://www.flickr.com/photos/128482029@N03/albums/72157661897431070