O sucesso da COP21 depende também das empresas

Artigo publicado no jornal "Les Echos", de 19 de maio de 2015

Essa semana, vários líderes empresarias tem um encontro em Paris para o “Bussiness and Climate Summit”. Essa reunião acontece quase seis meses antes da Conferência do Clima em Paris, a COP21, que tem o objetivo que sabemos: alcançar um acordo universal contendo a elevação da temperatura média do planeta a 2°C ou 1,5°C, em relação aos níveis pré-industriais. Durante a Cimeira dessa semana, as empresas terão a oportunidade de expor as ações empreendidas por elas, visando à preservação de nosso planeta, e favorecer a transição para um modelo de desenvolvimento que consuma menos carbono.

Até o momento, a luta contra as alterações climáticas tinha tropeçado em uma espécie de círculo vicioso: muitas empresas esperavam por decisões políticas para agirem, enquanto que os governos esperavam, eles, por uma mobilização do setor privado.

Agora, a situação é diferente. Por um lado, a maioria dos Governos está se engajando. Atualmente, quase quarenta países apresentaram sua “contribuição nacional”, ou seja, seus comprometimentos em matéria de redução de emissões de carbono assim como a adaptação às alterações climáticas. Esperamos que todos os países apresentem suas contribuições antes do dia 30 de outubro.

Além disso, muitas empresas estão incorporando agora as ações climáticas em suas estratégias a longo prazo e em suas atividades diárias. Recentemente, várias grandes empresas (General Motors, Google, Amazon, Apple) assinaram importantes acordos em matéria de fornecimento em energias renováveis. Há algumas semanas, 43 líderes de empresas internacionais confirmaram seu apoio em favor do desenvolvimento sustentável. As empresas francesas e estrangeiras comprometeram-se a diminuir o impacto sobre o meio ambiente, estabelecendo metas para reduzir suas emissões e seu consumo de energia. Elas se comprometeram também em promover tecnologias inovadoras.

PNGEsta evolução positiva explica-se por uma conscientização de ordem geral e pelo interesse das empresas. Uma evidência torna-se cada vez mais presente: o investimento no crescimento verde pode ser uma fonte de lucro e emprego. Embora por muito tempo, as ações a favor do clima eram vistas mais como um custo do que como uma oportunidade, sendo que atualmente é o custo da inações que está no centro do debate. Segundo algumas estimativas, a inação face às mudanças climáticas poderia custar à produção anual mundial um total de 28.000 bilhões de dólares até o ano de 2050.

Nessas condições, esperamos que os chefes das empresas do mundo todo adotem medidas concretas, por exemplo, estabelecendo metas de 100% de energias renováveis ou metas progressivas de redução das emissões. O « Business and Climate Summit » de Paris representa nesse contexto, um momento significante.

No mês de dezembro, as ações do setor privado irão complementar o que chamamos de "Agenda de soluções." Elas darão continuidade às iniciativas resultantes da Cimeira do Clima, organizada em Setembro de 2014 pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, e, reunidas em dezembro passado, no âmbito do Plano de Ação de Lima em Paris. Os esforços das empresas, não se substituirão obviamente às medidas essenciais a serem tomadas pelos Estados, mas lhes fortalecerão. A ideia central e justa, é de que os Governos não deverão ser os únicos a se comprometerem com o clima.
O acordo de Paris sobre o clima em que trabalhamos, não vai trazer de imediato a solução para o problema das alterações climáticas, mas pode e deve abrir os caminhos. Agora, acreditamos que um número importante de autoridades públicas e privadas estarão dispostas a se engajar, de maneira eficaz, para construção de um planeta mais sustentável. O momento para as ações climáticas chegou, e as empresas precisam participar plenamente.

Laurent Fabius é Ministro das Relações Exteriores e do Desenvolvimento Internacional, Presidente da COP 21.

Christiana Figueres é Secretária Executiva da Convenção- Quadro das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (CCNUCC).

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Christiana Figueres e Laurent Fabius

publié le 21/08/2015

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